Poemas Transcritos - Tarde (LXVI)

11/ 01 /2014

Tarde (LXVI)

Não te quero senão porque te quero

e de querer-te a não querer-te chego

e de esperar-te quando não te espero

passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te quero,

te odeio sem fim, e odiando-te rogo,

e a medida de meu amor viageiro

é não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro

seu raio cruel, meu coração inteiro,

roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu morro

e morrerei de amor porque te quero

porque te quero, amor a sangue e fogo.

(Pablo Neruda)

 

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