Poesia Perdida
Quantas vezes, alta noite
a alma rota de insônias,
me fustigavas, poesia.
Eu, olho cerrado,
noturno feto, fingindo
não ser comigo que falavas.
falavas, e eu disfarçava
(amanhã te beijo, escrevo, acaricio).
Exausta, te afastavas.
exausto, adormecia.
No meio da noite
algo se perdia.
Não era muito
- só poesia.
(Affonso Romano de Sant’Anna)