Fácil, a gente ter mãe
Fácil a gente ter mãe,
nem se percebe que tem
no todo dia a seu lado,
quando se tem a certeza
e se sabe onde ela está,
para dividirmos com ela
uma alegria, um revés
que basta só querer vê-la.
Difícil, sim, é perdê-la,
é ter que aceitar a ideia
de que no lugar de sempre
ela não se encontra mais.
Não adianta abrir a porta;
não passeia na varanda,
a cadeira está vazia,
na cama não tem ninguém.
E aquela voz que conforta,
que nos dava tanta paz,
que era um bem que não tem preço,
que era o nosso maior bem;
não ouviremos, calou-se,
é que ela agora mudou-se
pra um lugar sem endereço
onde Deus mora, no Além.
(J. G. de Araújo Jorge).