Cantares I (do sem nome e de partidas)
Que este amor não me
cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se
aperceba.
Que me exclua do estar sendo
perseguida
e do tormento
de só por ele me saber estar
sendo.
Que o olhar não se perca nas
tulipas
pois formas tão perfeitas de
beleza
vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o
rutilante escuro
de um suposto de heras em alto
muro.
Que este amor só me faça
descontente
e farta de fadigas. E de
fragilidades tantas
eu me faça pequena. E diminuta
e tenra
como só soem ser aranhas e
formigas.
Que este amor só me veja de
partida.
(Hilda Hilst)