Poemas Transcritos - Amigo da Hora Roxa

03/ 10 /2020

Amigo da Hora Roxa

Hoje vou conversar com você,

sobre minha caminhada.

De amigo para amigo, vou lhe dizer:

venho de longe, por estrada.

Ora empoeirada, ora enlameada.

Penosa jornada,

possa crer!

Pisoteio no lamaçal, vezes ou outras.

Minhas vestes, pois, estão rotas

e conspurcadas.

Ainda sou arrogante.

Vaidoso como d’outrora

Orgulhoso e pedante.

Nenhuma melhora!

Ainda sou arrastado pelos devaneios,

promessas de tabernas e quimeras.

Estou, pois, retido por muitos enleios.

Como sair desta perplexidade

e alcançar outra atmosfera?

Envolvido na infindável petenera,

abandonei o caminho

e desperdicei a mocidade.

Agora retorno faminto,

sem bolsa, sem linho,

sandália ou anel,

sem asno, sem mula,

sem matula, ou farnel,

sem toca, sem ninho.

Trago, sim, pesado fardo

de dívidas, espinhoso como cardo.

Bem sinto!

Estou a perigo!

Preciso de amigo

que recolha essa trouxa.

E na hora “H”, na hora roxa,

você é o amigo,

aqui e agora.

Você é o amigo

de todas as horas.

(Romão Cícero de Oliveira)

categoria: Poemas Transcritos