Geringonças
O que tenho em mim são geringonças
soltas na mente, às vezes alquebradas,
às vezes derramado o óleo da preguiça,
que enguiça e atiça, às vezes molhada
de inspiração, por vezes esfarrapadas,
esparadrapos, ferramentas, esganadas
pela inércia da razão, do que pressinto,
são palavras ocas soltas sem o encaixe,
deixadas debaixo dos ferros, nos dutos,
dos pesos da cabeça que deve suportar
o que tenho em mim, são fios, rangidos,
peças, pregos, trecos, imagens curtidas,
gravuras, velhos baús de vias escavadas,
que me levam no lento arrastar da lesma.