Escrevo para ti
Escrevo para ti,
tu, que recebeste a carta
de vinte anos atrás:
águas foram bebidas e
copos cheios esvaziados,
continuo com sede de ajudar,
porém não mais me reconheço;
apague aquelas profecias e
dobre aqueles dedos em riste,
afunde aquelas naus sonhadoras,
esqueça as críticas à opulência
e as indomáveis crenças inconsequentes,
hoje leia numa fonte de águas mornas,
de desalento, calma, cansaço do tempo,
a deslizar um filtro de pingos decantados
num mar de rosas ou num jardim de espinhos
daquela alma agora sem voz, sem algoz, pacificada.
vso