Dias sobre dias
Ai dos dias sobre dias,
de não sentir o tempo passar,
de querer apagar a luz,
de ficar na escuridão,
onde a razão não tem lugar,
onde a saudade é promessa vã,
onde está seco o coração de amar,
onde a tristeza encara de frente
e não dá trégua a um sonho bom;
prostrar-se em pedras sobre pedras
numa fértil intensidade de ecos,
aos gritos de ais sobre ais em dia
sobre dia que se quer ver passar
como se fosse um não dia, sob
o luar de noites entorpecidas.
vso