Deserção
Porque fugiria à luz do dia
no peito o grito estampado
nas trincheiras das calçadas
os dedos esfolados
por solavancos prantos
como fugiria da guerra
à luz do dia
pela poeira dos prédios
na descida dos granizos
no contrapiso dos granitos
no assoalho e seus buracos
e olhos por todos os lados
como fugiria da guerra
com a luz da banalização
que se trava na rua
no sodalício de passagem
do trem da leve solidão
ao último banco da praça
armistício por espaço
de guerra e seu fantasma
num coração encurralado.