Fixação
No auge dos meus sonhos,
meus olhos vidrados
fixavam o mundo encantado,
eu espremia a blusa marcada
por entre poucas refregas,
os brincos na cabeceira,
segredos embaixo da mesa,
era força de amar demais
como nunca ninguém, jamais,
incontidas tormentas de febre
na macia dureza da lâmina,
hipérboles e eufemismos,
e uma mão doce nos meus lábios
a me tocar com meigo desejo,
infinitamente, ternamente,
terminantemente agora no
ponto final num piscar de olhos,
caio enviesado pelos furos,
nada mais do que um gesto
no mausoléu noturno
de névoas nas janelas
a espantar intrusos
com olhares encaixotados.