Sepulcro
Numa tarde de sepulcro,
onde enterro meus mitos,
onde enterro meus gritos,
onde enterro meus planos,
inglórias e desenganos,
jogo a pá na memória,
numa tarde de sepulcro,
onde afasto as desculpas,
onde arrasto o crepúsculo,
onde estrondo os remorsos,
onde amasso os escrúpulos,
onde escavo meus mortos,
onde escondo meu crânio,
numa tarde de sepulcro,
jogo o pó da ternura,
nalgum instante de felicidade,
que vira folha seca de outono.
vso