Delírio
Tu não sabes em quais rios me lançaste
ou em quantas águas me afundaste
sem piedade ou dó,
nem com quantos tiros me acertaste
e com quantos rombos me deixaste,
sequer me viste agonizando
por um pensar ainda leniente
que se esfriou amarguradamente
dentro duma mente que era tua,
que esvaiu frágil, despida e crua,
quando impuseste teu poderio,
depois que me afogaste no calado rio,
depois que me alvejaste no abafado tiro,
sobretudo indócil, retirante do querer,
profundo desvario, eu, metralhado e só.