Dezenove
Em dezenove de agosto
passo a limpo
os céus e as terras
as areias movediças
as carniças velhas
as mazelas de outrora,
em dezenove de agosto
olho o mar
prestes a me atirar no mar
a me afundar no mar
pelas flácidas válvulas
da mente,
salitres, abutres,
pássaros voando
crianças gritando
eu no meio de mim
vista sem fim
a molhar o mar
a sugar o mar
é dia dezenove
que passa dentro de mim
e se dissolve
numa vontade de nadar
ares sem fim.