Citações sobre Juristas - Milton Luiz Pereira

26/ 07 /2014

Milton Luiz Pereira

“Após cair nas graças do povo como advogado, virou prefeito de Campo Mourão/PR, eleito município modelo após sua gestão. No dia da posse, estudantes o homenagearam com uma serenata e ele abriu-lhes a janela. Não foi apenas a da casa, Mestre! Com este gesto, abriu-lhes a alma e iluminou-lhes o espírito, fazendo-os descobrir o tipo de homens e mulheres que gostariam ser um dia. Ao deixar o cargo, o povo, revestido de gratidão pelo homem que mostrou que Ética é um dever de cidadania, não uma conveniência política, presenteou-lhe com um Fusca zero Km, guardado até o final da vida… Ele partiu sete horas após a esposa, seu amor de uma vida toda, ao lado da Justiça” (Rosângela Maria de Oliveira).

“É difícil imaginar, na cena judiciária paranaense dos últimos cinquenta anos, alguém que tenha encarnado melhor a persona de magistrado que Milton Luiz Pereira. Com algum esforço mnemônico, será possível concluir que outros juízes foram tão competentes, tão éticos, tão judiciosos quanto ele. Ou seja, com empenho achar-se-ão nomes que o igualaram no exercício da função jurisdicional. Acho pouco provável achar alguém que o tenha superado. Ninguém, mais que ele, parece ter compreendido a solidão e a seriedade da tarefa que tinha pela frente e que, como sísifo, tinha de reiniciar todos os dias” (João Gualberto Garcez Ramos).

“– Encontrei o Dr. Milton Luiz Pereira, juiz federal e meu professor de Direito Penal no ônibus! confidenciava-me surpreso, meu vizinho, amigo e compadre, Leonardo Albano. E acrescentava, para a nossa admiração: – E ele disse-me que costuma andar de ônibus, porque sente necessidade de conviver de perto com as pessoas do povo que ele julga! Era a segunda metade da década de oitenta do século XX, e foi a primeira vez que minha atenção foi chamada para essa figura singular” (José Roberto Vieira).

“Deus deu a Milton Luiz Pereira o dom de predicar a Justiça, aplicar a Justiça e viver a Justiça. Milton é história neste percurso de tantos lustros; não no sentido de passado, mas como instrumento de permanência; é vida presente e exemplo para o futuro…. Pode-se dizer que ele é inspiração para todos aqueles que alimentam aquela aversão pela injustiça, pela imoralidade e pela violência. E de esperança para os que desejam a prevalência do bom e do justo” (Munir Karam).

“Mas o que mais que me marcou foi quando ele me contou que um de seus filhos, um advogado, fora convidado a copatrocinar uma grande causa no Superior Tribunal de Justiça. O pagamento de honorários era uma quantia vultosa. A condição para ser contratado é de que ele deveria ir a Brasília para participar de visitas aos ministros, porém sempre os lembrando de forma expressa de quem era filho. Diante disso, o filho disse ao Dr. Milton: – Pai, eu não aceitei. Porque eu não quero usar o seu nome para ganhar dinheiro. Eu quero trabalhar honestamente. Naquele momento da narrativa, os olhos do Dr. Milton Luiz Pereira estavam marejados e a sua voz sempre firme e forte, parecia tremer de emoção. Ele arrematou: – Sabe, esse é o maior orgulho que tenho dos meus filhos. Eles são pessoas honestas. Eu fiquei emocionado e guardei para sempre as suas palavras no meu coração. Tive a honra e o privilégio de conhecer uma lenda viva” (Márcio Augusto Nascimento).

[MILTON LUIZ PEREIRA. 1932 (Itatinga/SP) – 2011 (Curitiba/PR). Magistrado, conferencista, vencedor de concurso nacional de oratória, penalista e Professor Universitário. Prefeito do Município de Campo Mourão/Paraná – 1964/1967; juiz federal no Paraná, nomeado em 1967; o primeiro Juiz Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) – 1989/1991; Ministro do Superior Tribunal de Justiça – 1992/2002. Após a aposentadoria passou a dedicar-se exclusivamente a trabalhos voluntários sociais e à família. Todas as citações foram extraídas do livro: Ministro Milton Luiz Pereira: narrativa de uma trajetória exemplar / Centro de Estudos Judiciários. – Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2013].

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