Nero e Povo
“Sempre o popular foi assim: ao prazer que não pode receber honestamente é todo aberto e dissoluto e, ao erro e a dor que não pode sofrer honestamente é insensível. Não vejo atualmente ninguém que, ao ouvir falar de Nero não trema até a menção do nome desse monstro vil, desse ser repugnante e sórdida peste do mundo. Entretanto, dele, desse incendiário, desse algoz, dessa besta selvagem, pode-se dizer que, após sua morte, tão vil quanto sua vida, o nobre povo romano recebeu com tanto prazer a lembrança de seus jogos e festins, que estava a ponto de trajar luto” (Étienne de La Boétie, Discurso sobre a servidão voluntária)