“Todas coradas, risonhas, elegantes e felizes. Vendo-as, dizia eu comigo: “A mocidade é isto!” É a alegria, o gozo, a beleza, o conjunto de todas as primícias ideias que pode ter a vida! Juventude! Não sou digna de ti!” (Júlia Lopes de Almeida, Memórias de Martha).

“Jagunço é isso. Jagunço não se escabrêia com perda nem derrota — quase que tudo para ele é o igual. Nunca vi. Pra ele a vida já está assentada: comer, beber, apreciar mulher, brigar, e o fim final” (João Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas).

“Um jurista atual não pode mais receber o seu rubi de bacharel, repetindo, com serenidade, ‘a cada um o que é seu’, como se fosse a serena verdade do Direito” (Roberto Lyra Filho)

“Pelo menos, se o homem não se tornou mais sanguinário com a civilização, ficou provavelmente pior, um sanguinário mais vil do que antes. Antes ele via justiça em ser sanguinário, exterminando quem devia com a consciência tranquila agora, embora consideremos o derramamento de sangue uma vileza, ocupamo-nos dessa vileza ainda mais do que antes. Quem é pior? Podem decidir. Dizer que Cleópatra gostava de cravar alfinetes de ouro no peito de suas escravas, encontrando prazer em seus gritos e convulsões. Os senhores dirão que isso foi em uma época relativamente bárbara; que hoje a época também é bárbara, pois (também relativamente) ainda se cravam alfinetes. Que hoje porém o homem aprendeu a ver, às vezes com mais clareza que na época bárbara, mas que ainda está longe de aprender a se comportar como é indicado pela razão e pela ciência. Mas mesmo assim os senhores estarão completamente certos de que é inevitável que ele aprenda, quando esses velhos e maus hábitos tiverem caído e quando o bom senso e a ciência educarão por inteiro e orientarão para a normalidade da natureza humana” (Fiódor Dostoiévski, Memórias do subsolo)

“ – ‘Tomo a liberdade de mandar a V. S.ª um cacho de bananas-maçãs para V. S.ª comer com a sua boca e dar também a comer à Sr.ª Juíza e aos Srs. Juizinhos. V. S.ª há de reparar na insignificância do presente; porém, Ilmo. Sr., as reformas da Constituição permitem a cada um fazer o que quiser, e mesmo fazer presentes; ora, mandando assim as ditas reformas, V. S.ª fará o favor de aceitar as ditas bananas’…         – ‘O certo é que é bem bom ser juiz de paz cá pela roça. De vez em quando temos nossos presentes de galinhas, bananas, ovos, etc., etc.’ ” (Martins Pena).

“Entre os eruditos, os jurisconsultos ocupam o primeiro lugar, não havendo ninguém mais vaidoso que eles. Empenhados com assiduidade numa fadiga como a de Sísifo, acumulando inumeráveis leis sobre assuntos sem importância alguma, acrescentando glosa sobre glosa, parecer sobre parecer, e dando a entender que seu estudo é o mais difícil de todos. Para eles, de fato, tudo o que apresenta dificuldade é meritório” (Erasmo de Rotterdam).

“Foram duros, esses longínquos dias na Legião, que ocuparam anos cruciais em minha vida. Mas, agora que o relembro, não me arrependo nem por um segundo. Foi uma experiência magnífica. Tive uma camaradagem sem igual e o mundo era um lugar bem mais livre do que hoje para se movimentar. Havia mais tempo para sair da rota. Assim, um rapaz de dezenove anos podia fugir e escalar uma montanha, se ele quisesse. Os corredores da vida parecem hoje estreitos comparados àqueles, e os objetivos materialistas que almejamos requerem que andemos o tempo todo nos trilhos, sem parar, desde o momento em que fazemos nossos primeiros exames. Mas há tempo. E, para aqueles que estão vacilantes à beira da estrada, meu conselho é que escalem as montanhas da vida, e que o façam quando ainda são jovens, para que sejam felizes quando chegarem aos setenta” (Simon Murray, Legionário).

“Entre luz e fusco, tudo há de ser breve como esse instante. Nem durou muito a nossa despedida, foi o mais que pode, em casa dela, na sala de visitas, antes do acender das velas; aí é que nos despedimos de uma vez. Juramos novamente que havíamos de casar um com outro, e não foi só o aperto de mão que selou o contrato, como no quintal, foi a conjunção das nossas bocas amorosas…” (Machado de Assis, Dom Casmurro).

“O magistrado, o juiz Obadiah, entrou no mesmo instante, seguido do escrivão. Aquele era um homem tão gordo que parecia uma bola. Deitou a mão a uma cabeleira pendurada num prego e pô-la à pressa na cabeça. – A primeira causa – disse ele. Mas, levando no mesmo instante a mão à cabeça, exclamou: – Olá, esta não é a minha cabeleira! – Efetivamente, Mr. Obadiah, é a minha – redarguiu o escrivão. – Meu caro Mr. Oysterpuf, como quer que o juiz possa dar uma sentença justa com a cabeleira do escrivão?” (Júlio Verne, A volta ao mundo em oitenta dias).

“O amor é muitas coisas, mas duas se destacam em particular: é a verdade e é uma experiência. Jesus disse que, ao vivenciar a verdade do amor, você cresce para além do desamor e da inverdade” (Deepak Chopra).